Reflexão de Maio: Combater a fome: um apelo ao amor
- JPIC-CMF
- 4 de mai. de 2021
- 2 min de leitura
Em meio a pandemia de Covid-19, muitas famílias brasileiras não têm do que comer. Estima-se que cerca de 19 milhões de brasileiros passaram fome durante o ano 2020. Esses números tendem a aumentar com a segunda onda que o país enfrenta. Se essa situação dramática necessita uma ação solidária de toda sociedade, para os seguidores de Jesus de Nazaré é um “apelo ao amor” .
O cristão por causa de sua fé no Evangelho anunciado por Jesus Cristo é chamado a considerar o combate à fome uma vocação decorrente da opção evangélica pelos pobres. Nos quatro Evangelhos do Novo Testamento, referência primeira para a fé dos cristãos, Jesus de Nazaré mostra que a fome se combate pela atenção à palavra de Deus e deve ser satisfeita como uma prioridade. De fato, nos evangelhos sinóticos, ao ser tentando no deserto pelo diabo após “jejuar” 40 dias e “sentir fome”, Jesus reagiu veemente ao tentador com a palavra de Deus. Por meio desta sua resposta dada ao opositor, Jesus indica “a sensibilidade da palavra de Deus em vista do combate à fome como problema estrutural”( GRENZER, DRAMAZA, SHIJA, 2018).
Diante de um povo faminto que os discípulos queriam expulsar, ele os manda lhe ‘”dar de comer”, antes de fazer um milagre da “multiplicação do pão” como para dizer que “ações extraordinárias, por mais que sejam bem-vindas em determinado momento, somente provocariam um auxílio pontual. Os pães precisam ser multiplicados constantemente”( GRENZER et tal, 2018). E quando os seus discípulos foram repreendidos por fariseus porque, “com fome” , “começaram a arrancar espigas de cereais” e, “debulhando os grãos os comeram” (o que era proibido em um dia de sábado) Jesus lembra o episódio do rei Davi e os seus companheiros que “famintos” comeram “os pães da oferta” permitidos apenas aos sacerdotes. Deste modo, estabelece certa “hierarquia de princípios, no sentido de “a lei que se refere ao culto encontrar seus limites na necessidade sentida pelo homem” (SCHENKE, 2005, p. 95-96). Ou seja, a prática de guardar o sábado seria “um luxo” para quem se encontra mais favorecido em sua sobrevivência, mas “não para os pobres”, cuja fome é uma “realidade involuntária e amarga” (MYERS, 1992, p. 203-204). Portanto, para Jesus, prevalece o pressuposto de que “toda a lei tem de estar em confronto com a realidade imediata das necessidades do povo” (SOARES; JÚNIOR, 2002, p. 141).
A satisfação da fome não pode ser significativamente adiantada sem que a morte se impusesse. É nesta linha, que ensino social da Igreja, reconhecendo “os graves e urgentes problemas da alimentação” defende o acesso adequado aos alimentos como um dos “direitos do homem” (PONTIFÍCIO CONSELHO “JUSTIÇA E PAZ”, 2005, n. 477 e 166) e reitera em nome do princípio de “desenvolvimento mais solidário” que se encontra “na fome um apelo ao amor” (PONTIFÍCIO CONSELHO «COR UNUM», 2003). Não deixe de responder a esse “apelo ao amor” nesses tempos difíceis para a humanidade. Se você puder responder a esse apelo e não sabe como, pode participar da campanha Prato Cheio do Instituto Claret acessando a: https://www.institutoclaret.org.br/ajude/.
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